"Eu, Geraldo Humberto Pereira (Léo Pereira), jornalista, publicitário, poeta e dramaturgo, nascido em 11 de agosto de 1960, na cidade de Presidente Olegário, Minas Gerais; irmão da Comunidade Calunga de Dona Procópia, da Nação Karajá, da Campininha de Escurinho, da Vila Monticelli de Adair e Nereu, da Nova Vila de Ronaldinho Dantas, da Emílio Póvoa de Zé Carlos, do Criméia Oeste de Rochinha e do São Judas Tadeu de Delgado Filho ; morador do bairro Criméia Leste, na cidade de Goiânia, capital de Goiás, desde 1969 ;portador da RG 1.059.802 SSP/GO, CPF 212.849.031-68, filho de João Ermelindo Pereira (João Lico) e Maria Abadia Pereira (Dona Santa), residente e domiciliado na rua Sebastião Fleury Curado, Quadra 23, Lote 18, Casa 2 ; venho, por meio deste instrumento, assumir o seguinte compromisso:
Não acredito na arte ,senão como uma atividade solidária, Dionisíaca. Penso que a arte, o esporte, a comunicação e toda forma de manifestação cultural e expressão humana deve servir à convivência do humano com o humano e com o meio ambiente. Penso que o artista, o atleta, o comunicador e todo e qualquer sujeito que lida com cultura deve tomar para si a disposição de ser solidário com o desenvolvimento sustentável de suas localidades, dividindo de forma revolucionária o resultado financeiro de sua arte com o ambiente coletivo onde mora, convive. Nada é mais prazeroso que conviver com o outro e com o meio ambiente. O Ser é necessidade e prazer. Alimenta-se por necessidade e por prazer. Faz sexo por necessidade e por prazer. Faz arte, faz esporte, faz cultura, faz política, faz filosofia e faz ciência por necessidade e por prazer. Penso que o Ser Humano deve voltar a reconhecer-se como um animal. Um predador. Um Predador Inteligente que, quando primata, disputando na unha a vida com a própria espécie e com os outros seres, procurou observar a natureza e, a partir dela, construir arte, construir performance, construir cultura, construir ciência, construir conhecimento, construir tecnologia para, inclusive, ganhar a guerra contra alguns seres contra os quais, na unha, ele perderia com certeza. Já ganhamos a guerra. Ganhamos de longe. De goleada. Ganhamos tão exuberantemente que há muito só nos resta a responsabilidade pelo equilíbrio , e ainda não percebemos. Há muito já devíamos ter adquirido nossa Consciência de Ser. Nossa consciência de que não precisamos mais disputar a vida com a própria espécie. Nossa consciência de que não podemos, enquanto predadores que somos, matar a vida e os outros seres até morrer junto com eles. A lógica do acumular, acumular, acumular, acumular, vigente na humanidade, é insana. Vivemos uma Doença do Acúmulo,cuja lógica corrupta nos torna todos corruptos e nos impede de dar equilíbrio e serenidade à nossa alma predadora. O Ser Humano é animal. O Ser Humano é toca. É necessário simplificarmos o debate para que possamos exigir da consciência individual e coletiva atitudes verdadeiramente grandiosas. Não acredito numa sociedade que discuta salário mínimo. Mas, sim, numa sociedade que imponha, pela consciência individual e coletiva, limites ao homem predador. Uma sociedade que possa, por exemplo, discutir a idéia de Patrimônio Pessoal Máximo. Porque o Ser Humano é toca. É predador inteligente afeito ao prazer e com capacidade de, pela consciência, construir o equilíbrio. E, assim, animal predador inteligente, esse Ser pode ter vaidade, buscar a distinção — mas impondo-se individual e coletivamente o necessário limite de transformar em número e poder a sua vaidade. O Ser humano é ciência, é arte, é tecnologia, mas é também essencialmente toca. E por mais que nossa toca seja exuberante, na cidade ou no campo, ou até que tenhamos uma toca na cidade e outra no campo, é preciso limite. É preciso que a gente não queira ter posses pessoais para além do nosso desfrutar. Para além do contato orgânico de nossa pele. Para além dos limites que nosso olho de lince alcança com os pés fincados em terra mãe. Podemos continuar a luta. Podemos continuar disputando com o outro. Podemos continuar a guerra pela distinção entre seres e povos no futebol, na arte, na busca do conhecimento científico, mas sempre com o prazer de poder dividir a vitória com o outro. Assim, perder ou ganhar vai fazer parte do mesmo prazer.
Penso assim. E deixo aqui o meu compromisso de dividir os resultados financeiros de minha arte com a comunidade e com o meio ambiente do setor Criméia Leste e, se possível, para além dele."
Texto de Léo Pereira, músicopoeta, idealizador, publicitário, componente da banda
Terrorista da Palavra.
E eu, Augusto César, assino embaixo!